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Viciado em comida? E agora?

Esse é um assunto que traz muita dúvida e aflição para quem acredita que possa estar vivendo essa situação!


É importante esclarecermos que na literatura científica, alguns estudos referem e defendem o termo “vício em comida”, porém não apresentam dados consistentes, que possam comprovar essa relação. Entre eles podemos citar os critérios para a determinação de uma dependência de substância, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5ª edição, referência para diagnóstico psiquiátricos (como o nome diz).


Assim não há como sustentar essa hipótese, tornando a afirmação que existe "vício em comida" inconclusiva (até o presente momento).


Atualmente sugere-se a discussão do termo “vício em comer”, uma vez que não fica claro se há um componente aditivo nos alimentos (alguma substância alimentar que possa realmente causar dependência) e sim um comportamento alimentar aditivo. E aqui é importante entender a diferença, pois comportamento são possíveis de serem modificados! Porém comportamentos bem estabelecidos, aqueles que já fazemos de forma automática, trazem algum ganho secundário para o nosso cérebro, por mais danoso que ele pareça. Assim podemos concluir, que mesmo que você sofra com o comportamento repetido de comer com frequência, esse comportamento também representa uma fonte de prazer.


Outro ponto importante, é o questionamento se os critérios diagnósticos para os transtornos aditivos, se aplicam igualmente aos comportamentos humanos. Uma discussão ampla, que também divide opiniões, mas que vale a sua reflexão! O que você acha?


Para aqueles, que assim como eu, acreditam que não é possível, pode-se sugerir que essa reflexão torne o conceito “vício em comida” inválido.


Mas certamente podemos trazer para essa análise a questão dos alimentos palatáveis. Usamos esse termo para designar aqueles alimentos que são muito agradáveis ao nosso paladar, que em geral são aqueles com muito açúcar, gordura ou a combinação dos dois.


Em geral esses alimentos palatáveis, também são ultraprocessados. Isto é, um grupo de produtos desenvolvido pela indústria que combina um percentual de alimento (que pode chegar a menos de 50% do seu conteúdo), com adição significativa de substâncias que conferem sabor, consistência, odor, mesmo passando por todo o processamento, que os tornará baratos para quem produz e irresistíveis ao nosso consumo. Afinal o objetivo da indústria de alimentos é fazer você comprar alimentos!


Sabemos que alimentos ultraprocessados atingem um nível de palatabilidade extremamente alto, não atingido por alimentos in natura (aqueles encontrados na natureza), o que pode ser um problema para algumas pessoas. Esses alimentos são tão saborosos que acionam o sistema de prazer e recompensa do cérebro (mas isso não configura um vício). Dependo da suscetibilidade de cada um, consumir esses alimentos com frequência, pode levar a querer consumir cada vez mais, deixando o indivíduo preso em um ciclo.


Mais uma evidência que devemos fazer a base da nossa alimentação, com alimentos in natura e minimamente processados. Afinal não vemos pessoas preocupadas por estarem viciadas em comer alface ou maçã, não é mesmo?



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