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A "mentalidade de dieta" e o falso controle sobre o corpo e o comer

Atualizado: 2 de out. de 2020

O termo “mentalidade de dieta” se tornou conhecido nos últimos anos, mas ainda carrega consigo uma conotação de desconfiança e exagero. Diferente do que muitos acreditam a dieta é a causa de muitos problemas alimentares e não a solução. Para entendermos o real significado do termo, trago a definição de Susie Orbach, que já em 1978 descreveu:


“Mentalidade de dieta é definido como controle social e o consequente mal-estar que atravessa a nossa experiência com a alimentação e com o corpo. A maioria não sabe mais o que gosta de comer, o que é fome ou saciedade e quando as sente, sendo esses os sinais internos básicos da alimentação. A relação com a comida sofreu enorme perturbação nas últimas décadas, advinda da regulação científica, dos ideais de beleza, do crescimento da produção industrial dos alimentos, da massificação e da cultura”.


É muito comum, para aqueles que cultivam a “mentalidade de dieta”, que o ato de se alimentar seja motivado apenas por fatores externos, favorecendo uma desconexão com os sinais internos de fome e saciedade e com o prazer em comer. Essa mentalidade interfere nas escolhas alimentares, além de desconsiderar o fator satisfação inerente ao alimento.

Já não se sabe mais qual é o horário adequado para se comer, nem a quantidade correta, nem quais alimentos são “permitidos”,” saudáveis” e quais são “proibidos” e “não saudáveis”. Vivemos assombrados pelo medo de engordar e pela culpa em ceder ao desejo de comer. Podemos dizer que hoje o comer se tornou difícil que dá trabalho!

A perda da autonomia alimentar aliena o indivíduo e pode ser percebida na incapacidade de escolher livremente os alimentos. Alguns autores acreditam que esse seja o problema mais imediato e em última instância, colabore para a epidemia da obesidade.

A mentalidade de dieta é manifestada através de um padrão de pensamento inflexível, de controle, de julgamento, de preocupação excessiva, um constante contar calorias, de vergonha quando se ganha peso e da crença que a privação é necessária até que se atinja o “corpo ideal“. Esse padrão também é percebido nos transtornos alimentares.

Nessa dinâmica se acredita que o comer é um mero ato de repor energia e nutrientes e que existe um “manual da boa alimentação” que deve ser seguido. Ao mesmo tempo, muitos autores descrevem que enquanto houver controle social sobre a nossa alimentação, que reforce a “mentalidade de dieta”, maior será o crescimento dos problemas alimentares.


Referências Bibliográficas


Orbach S. Fat is a feminist issue. New York: Paddington Press;1978.


Mennucci L.E.S. No campo dos problemas alimentares: uma técnica de tratamento psicanalítica [dissertação de mestrado]. São Paulo: PUC; 2007.


Alvarenga M.; Antonaccio, C.; Figueiredo, M.; Timerman, F. Nutrição Comportamental. Brasil. Manole. 2015. 576 p


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